Todos nós que passamos na Avenida somos campeões. Estamos vivos.

Por: Layane Saab

Revisão: Rita Matos

Foto: Arquivo pessoal

Sabemos que o carnaval já passou, mas o samba continua presente.

   Nessa semana, conversamos com o Diretor de Harmonia Ademilson Araujo, mais conhecido como Ade da escola de samba Estácio de Sá, a primeira escola de samba do Brasil — fundada em 1955,tendo como primeiro nome “Deixa Falar”. A escola iniciou no Morro de São Carlos — Rio de Janeiro —, mas em 1983 passou a representar todo o bairro de Estácio, assim mudando para o nome que conhecemos hoje.

   Ade  nasceu dia 23 de fevereiro de 1966, no bairro Osvaldo Cruz, subúrbio da capital carioca. Apesar de não ter crescido em uma família de sambistas, Ademilson sempre teve o samba presente em sua vida, então, em um determinado momento, buscou adquirir sua fantasia e participou de seu primeiro desfile na escola de samba Portela. Com o passar dos anos, por motivos pessoais, precisou ficar um período longe do carnaval e quando voltou ao samba, entrou na Estácio de Sá, onde atualmente ocupa o cargo de Diretor de Harmonia.

  Em sua trajetória na Sapucaí, já participou de outras escolas, como Renascer de Jacarepaguá, União Parque Curicica, Mocidade Independente, Bangu, Tradição, além da Portela (já mencionado) e a atual escola, Estácio de Sá. Ele chegou ajudar em algumas outras escolas, como: Flor da Mina, Império da Tijuca, Boi da Ilha do Governador, e Vigário Geral. Teve como inspiração os sambistas Sidney Machado, conhecido como Chopp (Diretor de Carnaval do Cacique de Ramos) , Marcelinho Emoção (Diretor de Harmonia da Vila Isabel  e Thiago Monteiro atual campeão do carnaval. (Diretor de Carnaval da Grande Rio)

   Em seu primeiro desfile, nosso entrevistado nos conta que estava chovendo, fantasias desmanchando, e a escola atrasada. Como detectou alguns problemas na armação da escola, ele organizou o que era necessário. E assim seguiu até perceber que seu lugar era na Harmonia.

Em seu início de carreira, ainda na época como folião, já foi percebendo suas habilidades. Ele ajudava a organizar, arrumava alas, lia sinopses, ou seja, era uma ótima pessoa para harmonia e suas alas, mas nem sempre agradava os demais componentes que estavam consigo, sendo assim, em sua rotina, ele sempre busca estar presente, participando e interagindo com a escola, se dedicando e dando o melhor de si.

  A Estácio de Sá lhe chamou atenção, e observando o enredo São Jorge, Ademilson viu que aquela escola era o lugar certo para estar, porém, no ano em que o rapaz buscou a escola, não daria mais para juntar-se com a harmonia (faltava dois meses para o carnaval), assim, após o evento, foi chamado pela agremiação.

  Também perguntamos sua opinião sobre o carro de som ser julgado como harmonia, no qual diz que não concorda, por haver pouco espaço para intervir. Como ponto positivo, tem como saber de onde veio determinado erro. Em continuidade, falou que para ser um diretor de harmonia, precisa-se de determinação, disciplina e boa apresentação. Cito aqui um trecho de nossa entrevista , onde nos explica a função de um DIRETOR DE HARMONIA

“O harmonia é responsável por tudo na quadra. Sem nosso segmento não tem quadra e nem desfile, porém, não se pode confundir um diretor com segurança e empregado da quadra. Os outros segmentos têm que nos respeitar assim como o nosso seguimento respeita todos os outros. Isso não acontece no geral. Se a direção de carnaval e a presidência em geral ouvisse mais os diretores de Harmonia muitas coisas erradas não aconteceriam.” (Araujo, Ademilson. 2022)

   Além de diretor da Estácio, Ademilson, junto com Vitor Oliveira e Diego Pedroso, administram o Projeto Harmonias em Harmonia, no qual foi criado há oito anos aproximadamente com o intuito de valorizar o diretor de Harmonia.

   Sendo assim, podemos conhecer um pouco mais sobre esses projetos nas redes

sociais: instagram, youtube, – estando com o próprio nome do projeto:

Harmonias em harmonia.

   Fiz, também, algumas perguntas referentes ao carnaval de 2022, sendo assim, apesar de dois anos sem carnaval, por conta da pandemia, a volta das festas foi motivo de celebração a vida, pois foi uma forma de homenagear os diversos sambistas que faleceram nesse período. E por fim, pedi para citar algumas situações, nas quais tenham lhe marcado: 

   Um samba marcante foi Ziringuindum 2001 da Mocidade. 

   Um desfile inesquecível foi assistindo Ratos e

Urubus, Beija Flor

 Desfilando Cristo Negro da Estácio. 

   E a sensação sobre desfilar em 2022: Todos nós que passamos na Avenida somos campeões. Estamos vivos.

Categoria:CARNAVAL

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Mauro Amorim - 20/05/2022 16h21
Um grande amigo e um baita profissional de carnaval ! Educado gentil e cortês com a comunidade e com seus colegas de farda tem grande valor dentro de um processo de trabalho ! Parabéns pela matéria !!!
Vitor Oliveira - 19/05/2022 21h10
Ademilson é um grande amigo, um grande profissional do samba e um verdadeiro amante do carnaval carioca. Parabéns pela belíssima trajetória no mundo do samba!
Tadeu Paulista - 19/05/2022 18h07
Parabéns Layane pela sua primeira entrevista. Ademilson parabéns bela história em prol do nosso samba
ADEMILSON - 19/05/2022 15h39
Obrigado pelo carinho.
Sergio Preto Velho - 19/05/2022 15h11
Conhecendo Ademilson meu IRMÃO BRANCO, só posso aplaudir de pé. Pois se no mundo do samba, tivessem 51% das pessoas com o caráter dele certamente não haveria tanta sacanagem. E digo mais a quem quer que seja se queres um mundo do samba limpo procurem ele , mas se preparem para ouvir. IRMÃO ADEMILSON Parabéns 👏🏿👏🏿👏🏿
Eduardo Torres - 19/05/2022 13h49
Alegro em ver essa reportagem de um amante do samba e participante dos diretores de harmonia colaboradores de tanta importância nas agremiações e que deveriam ser mais valorizados. Opinião minha! Parabéns, um bom currículo sem vaidade 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾.